Certificação PMP é a base, não o topo

por Onevair Ferrari em 23.11.2015

Criada pelo PMI – Project Management Institute em 1984, a certificação PMP – Project Management Professional se propõe a endossar o conhecimento de profissionais que trabalham na área de Gerenciamento de Projetos. Por desinformação e mal-entendimento, muitas pessoas passaram a acreditar que o “PMP” no cartão de visita – ou seguindo o nome no Linkedin – é o suficiente para que alguém seja considerado um bom Gerente de Projetos.

Esta interpretação é equivocada, pois a certificação assegura que a pessoa tem um mínimo de educação formal no assunto, tem um mínimo de experiência em projetos, aderiu ao código de ética da profissão estabelecido pelo PMI e foi aprovada no exame de 200 questões de múltiplas escolhas. Mas não necessariamente que seja um bom Gerente de Projetos. Costumo fazer uma analogia entre a certificação PMP e a carteira de motorista: o fato da pessoa obter a carteira de habilitação não faz dela, necessariamente, um bom motorista.

A seguir procuro esclarecer alguns dos principais pontos que frequentemente são focos de dúvidas dos meus alunos e clientes interessados nesta certificação:

Qualificação: como pré-requisitos de qualificação para o exame são exigidos do candidato, no mínimo 35 horas de educação formal em Gerenciamento de Projetos em cursos de quaisquer natureza, no mínimo 3 anos de experiência em Gerenciamento de Projetos com pelo menos 4.500 h de dedicação – para aqueles com nível superior – e no mínimo 5 anos de experiência com pelo menos 7.500 h de dedicação – para aqueles com nível secundário – além da adesão ao código de ética do PMI.

Comprovação das Qualificações: nenhum documento de comprovação do que foi apresentado pelo candidato é exigido na inscrição para o exame. Mas o PMI realiza verificação por amostragem, para comprovação do que foi apresentado, como educação formal e experiência, entrando em contato com o candidato e solicitando certificados dos cursos e interfaces que possam comprovar os trabalhos realizados.

Custo: uma vez comunicado pelo PMI que foi qualificado para o exame, o candidato paga uma taxa de U$ 555,00 (US$ 405,00 para candidatos que se filiaram como membro do PMI), agenda o exame em dia e horário de sua preferência – desde que haja janelas vagas – e se submete ao exame no dia e horário agendados.

Estudo: a principal referência para o exame é o PMBOK – A Guide to the Project Management Body of Knowledge, em sua última edição, atualmente a quinta, que em dezembro de 2016 deve ser substituída pela sexta edição. Este guia, que tem também uma versão em Português, reúne os conceitos, técnicas, ferramentas e processos mais aplicados em Gerenciamento de Projetos, além de estabelecer a terminologia de maior consenso na profissão e válida para o exame. É comum candidatos terem resistência a alguns pontos do PMBOK ou considerarem a abordagem excessivamente “americanizada” ou, ainda, estranharem a terminologia que pode se diferenciar daquela utilizada em sua empresa ou área de aplicação, mas, para efeito do exame, vale o PMBOK.

Exame: com 4 horas de duração, é realizado via web, em centros habilitados pelo PMI em diversas localidades do Brasil (em São Paulo exclusivamente na Associação Alumni), em dia e horário escolhidos previamente pelo candidato e, em papel, em algumas poucas localidades, em datas e horários estabelecidos pelo PMI. As 200 questões, do tipo teste, com 4 alternativas, são formuladas em Inglês, mas o candidato tem a opção de escolher um segundo idioma – inclusive Português – e a tradução vem sendo cada vez melhor. Cada exame é montado com um set de 200 questões extraídas de um grande repositório de questões formuladas por voluntários do mundo inteiro, especialmente selecionados para este trabalho.

Aprovação: a pontuação exigida para aprovação é de cerca de 70% nas 200 questões do exame, podendo variar ligeiramente de exame para exame. Uma vez concluído o exame, o candidato recebe em alguns “longuíssimos” segundos, o resultado da sua aprovação ou não. No caso de reprovação, o candidato ainda pode realizar novo exame – certamente com outro set de questões – em até 1 ano, pagando uma taxa reduzida. Sendo reprovado 3 vezes, o candidato precisa esperar 1 ano e pagar nova inscrição para se submeter novamente ao exame.

Validade da Certificação: a certificação tem validade de 3 anos e para se re-certificar o PMP precisa comprovar que está praticando e evoluindo na profissão de Gerenciamento de Projetos. Não há necessidade de fazer novo exame, mas a cada ciclo de 3 anos, o PMP deve apresentar um mínimo de 60 PDUs – Professional Development Units. As PDUs podem ser obtidas através da participação em cursos, eventos, congressos e seminários da área, da realização de trabalhos voluntários associados à aplicação da profissão, da produção de artigos, textos, livros e diversas outras ações reconhecidas pelo PMI como desenvolvimento profissional.

Certamente continuarão existindo excelentes gerentes de projeto que não são certificados PMP e PMPs que estão longe de ser bons gerentes de projeto. Mas, resgatando os verdadeiros objetivos que nortearam sua concepção, a certificação PMP não deve ser considerada o topo, mas sim base de uma trilha de desenvolvimento na profissão de Gerenciamento de Projetos. Afinal, um dos fatores que contribuem para que esta seja uma profissão fascinante é justamente a necessidade contínua de seus praticantes se aprimorarem nos diversos aspectos da gestão.

A Nexor Consultoria oferece programas de preparação para a certificação PMP, para candidatos que já tenham os requisitos de qualificação, sempre esclarecendo e desmistificando a real finalidade e valor da certificação. Aos candidatos que ainda não tem os requisitos de qualificação para o exame são sugeridos alguns dos nossos outros programas de treinamento em Gerenciamento de Projetos que constituem importante trilha de desenvolvimento.

Onevair Ferrari, DSc, MSc, PMP é professor, consultor, palestrante, coach em Gerenciamento de Projetos e diretor da Nexor.
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