Pessimistas, Otimistas e Melhoristas

por Onevair Ferrari em 31.10.2018

Como diz o ditado, o otimista ajusta as velas enquanto o pessimista espera que o vento mude. É hora de ajustar as velas, planejando bem a nova rota de navegação, sem perder a perspectiva dos acontecimentos que trouxeram o barco até aqui, para atravessar mares bravios com inteligência e atracar em portos seguros, nos destinos desejados.

Metáforas à parte, como consultor, desenvolvi um perfil nem otimista, nem pessimista, mas sim melhorista: procuro analisar as circunstâncias e buscar soluções que melhorem a situação na direção do que é necessário ou desejável. Aprendi que muito do que às vezes parece definitivo, na verdade é circunstancial e pode ser modificado, se identificados os fatores que sustentam o estado atual. Trabalhar estes fatores com atitude positiva pode proporcionar excelentes resultados e gerar uma dinâmica de evolução.

Para que isso funcione, porém, é necessário ter referências do que seria necessário ou desejável e das possíveis ações a serem tomadas. Este portfólio de referências – nas inteligências biológicas – é algo que se desenvolve através da contínua construção do conhecimento, com teoria, aplicação, experimentação, acertos, desacertos, aprendizado prático e atualização. Não basta, portanto, só o imenso portfólio de dados e informações das inteligências artificiais. Ser melhorista dá mais trabalho e geralmente se é visto como otimista pelos pessimistas e como insatisfeito pelos otimistas.

Em projetos, mesclar perfis otimistas, pessimistas e melhoristas na composição da equipe imprime realismo ao gerenciamento e é uma prática sempre valorizada pelos bons gerentes de projeto. Enquanto os otimistas vêm a metade cheia do copo e os pessimistas vêm a metade vazia do copo, os melhoristas vêm o copo com água até a metade e buscam meios para encher o copo. Numa abordagem mais técnica, os otimistas costumam ser risk takers, confiando nos meios para realização das metas do projeto, os pessimistas costumam ser risk avoiders, identificando mais restrições e os melhoristas constumam ser risk treaters, evitando, transferindo, mitigando e aceitando riscos, num misto de ambos os perfis anteriores, com uma atitude realista, insatisfeita e inquieta que os impelem a buscar soluções para contornar as restrições e atingir os objetivos do projeto.

Não se deixar iludir pelo lado ingênuo do otimismo, mas também não se deixar contaminar pelo lado paralisante do pessimismo e manter o projeto em um nível de risco aceitável pela organização que empreende o projeto é uma das atribuições do gerente do projeto. A ele também cabe dimensionar adequadamente a contingência e administrá-la, frente aos riscos, ao longo do ciclo de vida do projeto.

Sir Winston Churchill disse, certa vez, que era otimista porque nada lhe parecia mais útil. Em projetos, mais útil ainda é ser melhorista para içar as velas com os novos ventos, dividir a água em copos menores e cheios, sem deixar, porém, de identificar os rochedos na nova rota.

Onevair Ferrari, DSc, MSc, PMP é professor, consultor, palestrante, coach em Gerenciamento de Projetos e diretor da Nexor.
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